Como a matriz de degustação transforma a forma de apreciar charutos
- A casa do sommelier
- 25 de set.
- 2 min de leitura

Introdução
Degustar um charuto é uma experiência que vai muito além do prazer estético. É um exercício de percepção, memória gustativa e linguagem técnica. Cada tragada pode despertar lembranças, criar conexões e revelar nuances que, até pouco tempo, ficavam restritas à subjetividade do degustador.
Foi pensando em trazer mais clareza e objetividade para esse universo que o Cigar Sommelier Bruno Pontes desenvolveu a Matriz de Degustação de Charutos. Uma ferramenta inédita que une ciência, tradição e prática, capaz de transformar a forma como apreciamos e descrevemos um charuto.
O Estudo: bases para entender o sabor
Antes de chegar à matriz, Bruno Pontes realizou um estudo aprofundado, inspirado em metodologias já consolidadas no mundo do vinho, do café e dos destilados, adaptando-as ao tabaco.
O ponto de partida está no conceito de sabor, entendido como uma experiência multimodal que integra:
Gosto: doce, amargo, ácido, salgado e umami.
Olfato: ortonasal e retronasal, captando compostos voláteis durante a fumada.
Sensações físicas: corpo, textura, calor, frescor e adstringência.
Memória e contexto: lembranças, expectativas e cultura do fumador.
Além disso, o estudo organizou os descritores em cinco famílias aromáticas principais:
Empireumáticos (torrados e defumados).
Vegetal & Terroso.
Especiarias & Minerais.
Floral & Frutado.
Animal & Lácteo.
Essa estrutura cria um vocabulário objetivo e compartilhável, que permite ao degustador sair do campo puramente subjetivo.
A Matriz: ferramenta prática para degustar charutos
A matriz desenvolvida por Bruno Pontes traduz o estudo em uma aplicação prática. Ela organiza os gostos básicos, suas combinações e as famílias aromáticas em um mapa sensorial, que orienta o degustador em cada etapa da experiência.
Na prática, o funcionamento é simples:
Identificar o gosto predominante.
Relacioná-lo a uma das famílias aromáticas.
Selecionar o descritor mais próximo (como café expresso, baunilha, couro, frutas secas, etc.).
Evoluir para combinações de dois ou três gostos, capturando a progressão natural do charuto durante a fumada.
Com isso, a matriz possibilita:
Maior precisão sensorial, reduzindo a subjetividade.
Um vocabulário comum para sommeliers, consumidores e profissionais.
Apoio em concursos, treinamentos e tabacarias.
Melhor embasamento para harmonizações técnicas com bebidas.
Conclusão
A Matriz de Degustação de Charutos, desenvolvida por Bruno Pontes, não é apenas uma tabela de descritores, mas uma inovação metodológica que coloca o charuto no mesmo patamar sensorial de vinhos, cafés e destilados.
Combinando ciência e prática, ela oferece um caminho claro para compreender, comunicar e valorizar a complexidade dessa tradição. Um recurso que amplia a experiência, enriquece o repertório dos apreciadores e abre novas possibilidades para a formação de profissionais e o desenvolvimento do setor.



✍️ Por Bruno Pontes – Cigar Sommelier e autor de Entre folhas e fumos: A jornada do Tabaco




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